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10 mentiras que te contaram sobre orgasmo feminino

O prazer feminino é cercado de tabus e desinformação, já que a história da sexualidade sempre foi contada da perspectiva masculina. Com certeza você já ouviu afirmações como “mulher não goza” ou “sexo sem penetração é preliminar”, e muitas outras mentiras que contaram pra gente. Chegou a hora de desconstruir os principais mitos sobre orgasmo feminino. Vem saber mais! 👇

1. Orgasmo e prazer são a mesma coisa

Confundir orgasmo com prazer é muito comum, mas entender esses dois conceitos é importante, já que é possível sentir prazer sem ter orgasmos e ter orgasmos sem sentir prazer. Peraí, como assim? A gente explica.

O prazer é a percepção de uma sensação positiva e agradável mediada por hormônios que atuam no cérebro e promovem bem-estar e realização. É um conceito subjetivo, já que o pode ser prazeroso para você pode não ser para mim. Já o orgasmo é uma reação fisiológica, uma liberação súbita e involuntária de tensão sexual.

Podemos ter uma relação sexual muito prazerosa, com sensações deliciosas, mesmo quando não termina em orgasmo. E também é possível ter orgasmos sem prazer, em situações não sexuais – como durante o sono ou ao realizar atividades físicas. Isso acontece porque, às vezes, apenas a estimulação física é suficiente para provocar uma resposta fisiológica involuntária do orgasmo, mesmo em situações em que não há excitação nem desejo físico ou psicológico. 

2. Se eu não gozar rápido e fácil, tem algo errado comigo

Nada disso! Já sabemos que existe uma enorme diferença na quantidade de vezes em que homens e mulheres chegam ao ápice do prazer, o que chamamos de Gap do Orgasmo. Segundo o estudo realizado pela revista Archives of Sexual Behavior em 2018, os que chegam mais vezes ao orgasmo são os homens cis heterossexuais, com uma porcentagem de 95%, seguidos por homens cis gays (89%), homens bissexuais (88%), mulheres cis lésbicas (86%), mulheres cis bissexuais (66%) e, por último, mulheres cis heterossexuais (65%).

mitos sobre orgasmo feminino
A diferença entre a quantidade de vezes que homens e mulheres têm orgasmos é chamado de Gap do Orgasmo.

Outro estudo publicado no periódico Journal of Sexual Medicine, no ano de 2020, calculou que uma mulher leva, em média, 13 minutos para atingir um orgasmo, podendo variar para mais ou para menos. No entanto, muitos fatores podem interferir no clímax: se estamos relaxadas, como nos sentimos com a pessoa com quem estamos nos relacionando, como está nossa relação com nosso corpo, se os estímulos estão na pressão e intensidade que nos agrada, entre tantos outros. 

Portanto, é perfeitamente normal demorar para ter um orgasmo — ou ter dias em que é mais difícil atingi-lo. Um erro muito comum que cometemos é nos cobrarmos excessivamente em relação a isso. Assim, colocamos ainda mais pressão sobre o momento ao acreditar que precisamos nos esforçar para gozar logo. Só que isso acaba por tornar o orgasmo quase impossível, porque, em vez de relaxar e curtir, nos desligamos do prazer e nos afastamos do relaxamento necessário para que ele aconteça — e, muitas vezes, até evitamos o sexo por receio da frustração. Então, você já sabe: relaxe e curta o processo em vez de ficar pensando na reta final.

3. Toda relação tem que ser orgástica

É claro que orgasmo é bom, mas ele não precisa ser o único objetivo de uma relação sexual. Muitas vezes, o sexo pode ser extremamente prazeroso sem necessariamente acabar em orgasmo. Intimidade, conexão com a parceira ou o parceiro e troca de afetos podem ser outros ganhos muito positivos de uma relação sexual. É preciso tomar cuidado com a ditadura do orgasmo!

É óbvio que não pretendemos voltar ao discurso antiquado de que o orgasmo não é importante. Ele é, sim! Mas também não podemos endossar o discurso de que, para ser uma mulher realizada, livre, empoderada e sexualmente plena, você precisa, necessariamente, ter orgasmos. O sexo é como uma dança, uma brincadeira em que o foco devem ser as sensações e o prazer. O orgasmo pode ou não ser uma consequência des sa entrega — e isso independe de gênero, orientação sexual ou sexo biológico. Uma relação deve ser sempre prazerosa, mas não necessariamente precisa ter como linha de chegada o orgasmo.

4. Penetração é a chave para o orgasmo

É muito comum o relato de mulheres que pensam que têm algo de errado consigo por não conseguirem gozar ao serem penetradas e se sentem mal por precisarem da ajuda de dedos ou língua no processo. Na realidade, para as mulheres, a penetração é uma maneira bastante incomum de atingir o orgasmo. 

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O clitóris é o grande órgão do prazer de quem tem vulva. Não deixe ele de lado no sexo!

Isso porque o canal vaginal tem poucas terminações nervosas e é uma região pouco sensível. O grande protagonista do prazer de quem tem vulva é o clitóris. Portanto, é muito importante incluir, no sexo, mais práticas além da penetração; e investir em estímulos diretos ou indiretos no nosso órgão do prazer.

5. Existem vários tipos de orgasmo

Orgasmo clitoriano? Orgasmo vaginal? Orgasmo anal? Com certeza você já ouviu falar em diferentes tipos de orgasmo. Mas, embora pareçam muitos, eles são uma coisa só: um orgasmo. 

O clitóris é a região com maior concentração de terminações nervosas do corpo e um órgão com a única função de prazer, por isso, é o local mais óbvio e fácil para se conquistar um orgasmo. Porém, nosso corpo inteiro é uma zona erógena com potencial de prazer. Por todos os lados, há terminações nervosas que, quando estimuladas em um contexto de excitação, conectam-se com o cérebro (nosso verdadeiro maior órgão sexual) e podem desencadear um orgasmo. Ou seja, os mecanismos físicos e mentais envolvidos no processo são os mesmos. A diferença está apenas no que os provoca. 

6. É normal fingir orgasmo

Com certeza, um dos maiores mitos sobre orgasmo! Não é normal fingir orgasmo, mas é bastante comum, e os motivos são variados. O cansaço e o desejo de que a relação acabe logo estão no topo dos motivos, mas também há quem finja somente para aumentar a excitação da parceria. Tem, ainda, quem queira agradar ou não ferir a autoestima da outra pessoa e até quem sinta medo de parecer “ruim de cama” ou carregue a insegurança de que não vai chegar lá.

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Fingir orgasmo não é legal e só te leva pra mais longe do próprio prazer.

Acontece que, quando fingimos, estamos tirando nossa chance de realmente chegar ao orgasmo. Estamos deixando o outro acreditar que aquilo é o que nos agrada, diminuindo a chance de acertar nos estímulos — além de prejudicando nossa saúde sexual, pois o sexo pode acabar se tornando uma obrigação e, no futuro, isso pode impactar até o desejo. Resumindo, fingir mostra que, em geral, estamos mais preocupadas com a nossa performance ou com agradar o outro do que com o nosso prazer. Hora de repensar, né?

7.  Em uma relação, se deve ter orgasmos ao mesmo tempo

O orgasmo simultâneo é um grande mito reforçado com frequência em filmes e novelas, naquelas cenas em que duas pessoas transando acabam chegando ao ápice juntos em poucos minutos. Na vida real, isso raramente acontece. Esse mito provavelmente se originou do fato de que, geralmente, o orgasmo masculino é considerado o marcador final das transas e quase nunca vemos retratado um sexo que segue acontecendo após a ejaculação do pênis.

No entanto, devemos lembrar que cada orgasmo é um processo muito único e particular e dificilmente será possível sincronizar tempo e estímulos para que ambos gozem juntos. Algumas pessoas precisam de mais tempo do que outras para se excitarem e chegarem ao clímax. Um estímulo que pode estar funcionando muito bem para um, pode não estar causando o mesmo efeito no outro, e a preocupação com o prazer do outro pode ser um fator de distração na hora de gozar. 

Portanto, embora não seja impossível, o orgasmo simultâneo não é tão simples e natural quanto os filmes fazem parecer. Forçar essa ideia acaba gerando uma pressão desnecessária que, às vezes, incentiva as mulheres a fingirem orgasmos. O ideal é respeitar as individualidades, o tempo e as preferências de cada pessoa para que todos os envolvidos saiam satisfeitos da relação.

8. Tudo bem fazer sexo sem sentir prazer

Jamais, deusa! Nosso cérebro está o tempo todo avaliando o custo-benefício das situações, ou seja, avaliando se vamos ou não obter prazer com uma determinada atividade para então definir se ela vale a pena. Quando fazemos um sexo gostoso e prazeroso, a dopamina sinaliza para nosso cérebro que essa é uma atividade que vale a pena, na qual somos recompensados com prazer.

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O prazer é fundamental em todo o sexo, independentemente se haverá ou não orgasmo.

Por outro lado, se fazemos com frequência sexo sem prazer, ou por obrigação, criamos registros de que transar não é uma atividade na qual vale se engajar, pois ela significa alto esforço para pouca recompensa. Com isso, naturalmente, nosso interesse por sexo diminui e nosso cérebro vai preferir se associar a atividades que exigem menor esforço — como ver o Instagram ou assistir a um filme. Portanto, sexo com prazer deve ser a norma. Cuidar dos seus orgasmos é também um ato de amor próprio.

9. Mulher não ejacula

Pessoas com vulva podem, sim, ejacular. A ejaculação feminina, conhecida popularmente como squirting, é um fenômeno natural involuntário que ocorre em algumas pessoas com vulva quando o corpo é estimulado e excitado — é a liberação ou o esguicho de um líquido pela vulva.

Mas como tudo relacionado à sexualidade feminina, esse tema ainda carece de informações científicas. A composição do líquido ejaculado, por exemplo, ainda é indefinida. O que se sabe é que são as glândulas de Skene as responsáveis por sua produção. Com isso, muitas mulheres que vivenciam a ejaculação feminina pela primeira vez acabam se questionando se não estão, na verdade, fazendo xixi, e isso pode levá-las a criar medo ou resistência depois da primeira ejaculação, por puro desconhecimento.

10. Ter orgasmos faz mal à saúde

Muito pelo contrário! Ter orgasmos regularmente traz uma série de benefícios ao nosso corpo e mente. Além da sensação indescritível de prazer intenso, a prática proporciona melhora do sono, fortalecimento da imunidade, alívio da dor, diminuição do estresse, fortalecimento da saúde cardiovascular e melhora na aparência da pele e do cabelo.

Agora você já sabe a verdade por trás dos principais mitos sobre o orgasmo feminino e está munida de informações para alcançar uma sexualidade cada vez mais gostosa, leve e positiva.

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