Se eu te mostrasse uma imagem da sua região genital, você saberia apontar onde fica a vagina? E o clitóris? Pois bem, e se eu te disser que grande parte das pessoas não conseguiria? Sabemos muito pouco sobre nosso corpo, mas esse desconhecimento não é por acaso.
Aqui, vamos conhecer e aprender a explorar (na prática!) a vulva, mas vale dizer que a anatomia do prazer contempla toooodo o corpo. A dica é explorar, sem pressa e sem medo, cada pedacinho dele, e assim, descobrir nuances e sensações incríveis que ele pode te oferecer. Vamos lá? ✨
Medo e culpa: de onde eles vêm?
Se você ainda sente um certo receio, medo ou repulsa em olhar e tocar sua vulva, não se sinta só. Isso é mais comum do que você imagina! Estamos aqui para, pouco a pouco, te ajudar a reconhecer e explorar suas fontes de prazer, mas primeiro, é preciso entender de onde vêm esses sentimentos.
Não somos educadas para nos conhecer, observar, tocar. Pelo contrário, qualquer curiosidade sobre a própria parte íntima é rapidamente punida. “Tira a mão daí” e “Senta que nem moça” são frases comuns de se ouvir durante a infância, mas que acabam atrapalhando ou até barrando nossas descobertas corporais – tão importantes nessa fase.
Sentir nojo, medo ou repulsa das nossas partes íntimas é uma consequência de viver em uma sociedade patriarcal, sexista e mal informada, e que acaba refletindo na maneira em que nos enxergamos e em como sentimos (ou deixamos de sentir) prazer. Vamos mudar isso?
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Hora de fazer as pazes com o próprio corpo
Amar o próprio corpo é uma jornada diária, mas que nem sempre acontece – e tudo bem! Afinal, estamos, a todo tempo e em todo lugar, sendo bombardeadas por publicidades e falas que indicam que tem algo de errado conosco. Nem mesmo a vulva escapa da pressão vinda dos padrões estéticos. Aliás, você sabia que o Brasil é líder em cirurgia íntima feminina? Bom, isso vale uns minutinhos de reflexão!
Antes de começar a sua jornada pela anatomia do prazer, quero te convidar a fazer as pazes com o seu corpo. Firme com ele, o compromisso de tratá-lo com mais gentileza, conhecê-lo melhor e tocá-lo com mais frequência. Ele vai te mostrar onde seu prazer é mais e menos intenso, e você vai descobrir exatamente o que funciona pra você. Que delícia, hein? 💜
Com vocês, a vulva!
A vulva é toda a parte externa da genitália. É a região visível que inclui o monte púbico, os lábios externos, os lábios internos, o clitóris, o prepúcio do clitóris, os pelos pubianos, as glândulas de Skene, as glândulas de Bartholin e as entradas da uretra e da vagina. Uff, bastante coisa, né?
Cada vulva tem suas próprias características e difere em tamanho, colorações, quantidade de pelos, e por aí vai. Ou seja, não existe um padrão a ser alcançado, embora tentem te convencer o contrário.
Monte púbico
Também conhecido como monte de Vênus, essa região mais fofinha, recobre e protege nosso osso púbico. O monte púbico varia em formato e tamanho, dependendo de cada pessoa, e pode mudar durante algumas fases da vida, como puberdade, gestação e menopausa. Com muitas terminações nervosas, é uma área incrível de ser explorada durante o prazer!
Pelos pubianos
Os pelos pubianos se espalham pelo monte púbico, virilha, lábios e ânus. Eles aparecem na puberdade com a função de proteger e manter o calor da região genital. Mas então, devo ou não me depilar? A escolha é totalmente sua!
A reflexão que deve ser feita aqui é o porquê de estarmos nos depilando. É preciso considerar que a obsessão por uma vida livre de pelos – somente para as mulheres, é claro – surgiu em 1920 e está aí até hoje, sendo impulsionada pela mídia. Aliás, você já deixou de fazer algo porque não estava depilada?
Seja qual for a sua decisão, para fazer uma escolha consciente, considere a sua saúde física e mental, e veja se arrancar os pelos está causando infecções indesejadas como foliculite, ou mesmo funcionando como uma tarefa dolorida no seu dia a dia.
Lábios externos
Os lábios externos estão logo abaixo do monte público, e abraçam os lábios internos e a entrada da uretra e da vagina. Do lado de fora, possuem pelos e são cobertos por uma pele pigmentada que varia de cor de pessoa para pessoa. Já a parte interna, se você abrir com os dedos, vai ver que é mais macia e sem pelos. Durante a excitação, os lábios externos incham e se tornam mais sensíveis, devido à alta vascularização.
Lábios internos
São popularmente conhecidos como pequenos lábios, mas preferimos não chamá-los assim, já que, com frequência, eles acabam sendo maiores e mais proeminentes que os lábios internos. Ao utilizar “pequenos lábios”, podemos fomentar a ideia de que há algo de errado com vulvas com lábios internos mais protuberantes.
Formados por tecido fino, eles possuem muitas terminações nervosas e são extremamente sensíveis. Se você tocar na região, vai perceber que é úmida e que se parece com a parte de dentro da nossa boca. Assim como os lábios externos, a cor pode variar dependendo da cor e das mudanças hormonais da pessoa.
Clitóris
Chegamos ao famoso e tão amado clitóris, órgão cuja única função é o prazer sexual! Com cerca de oito mil terminações nervosas (quase 3x mais que o pênis), é uma das regiões do corpo humano com maior sensibilidade e pode chegar a medir até 10 centímetros.
Sua origem embriológica é a mesma do pênis, por isso eles apresentam tecidos, formatos e funções parecidos. Isso quer dizer que ele, assim como o pênis, é um órgão erétil. Sabia disso? Agora, vamos conhecer suas principais partes.
Glande: única parte visível do clitóris, é o “botão do prazer”. É uma zona com milhares de terminações nervosas e por isso, extremamente sensível, que aumenta durante a excitação. Ela varia em tamanho e pode ser parcial ou completamente coberta por um capuz de pele.
Prepúcio: é a dobra de pele que se forma pela união dos lábios internos e recobre e protege a glande. Se puxá-lo suavemente para trás, você verá toda a glande do clitóris exposta.
Corpo, crus e bulbo: são partes não visíveis do clitóris, e ficam escondidas na vulva. Durante a excitação, essas partes se enchem de sangue, aumentando de tamanho e levando o tecido do clitóris para mais perto do canal vaginal, ampliando a sensibilidade.
Vestíbulo vulvar
Se você afastar seus lábios internos, verá o vestíbulo vulvar. Essa região engloba quatro partes. Olha só!
Meato uretral: é o orifício por onde sai a urina. Fica logo abaixo do clitóris e acima da entrada da vagina. É o local onde a uretra se conecta com a parte externa.
Introito vaginal: é assim que chamamos a entrada da vagina; também faz parte da vulva e fica localizado entre o meato uretral e o períneo. Então, se você avaliar bem, vai ver que temos dois orifícios diferentes, um por onde sai a urina e outro por onde sai a menstruação.
Glândulas de Skene e Bartholin: esses nomes difíceis se referem a dois pares de glândulas localizadas na nossa vulva. As glândulas de Skene estão localizadas ao redor da uretra e as glândulas de Bartholin, próximas à entrada da vagina. As duas têm um papel importante na lubrificação da vulva, produzindo fluidos transparentes que mantêm a região úmida e protegida.
Durante a excitação, há uma aumento nessa produção, nos deixando “molhadas” e preparadas para o sexo. Acredita-se, inclusive, que as glândulas de Skene são as responsáveis pela produção da chamada “ejaculação feminina”.
Hímen: é uma pequena e fina membrana localizada na entrada da vagina. Sua forma, tamanho e resistência variam de pessoa para pessoa. Vale lembrar que a ideia de que o hímen protege a vagina e que “deixar de ser virgem” é romper essa membrana é um grande mito!
E a vagina, afinal?
Com certeza você já se referiu a vulva, parte externa da genitália, como “vagina”, mas isso é incorreto. Na verdade, vagina é a parte interna do genital, por onde saem fluidos como o sangue menstrual e também, onde acontece a penetração de dedos, pênis, vibradores e dildos.
Seu tamanho e profundidade variam, mas em média, tem de sete a dez centímetros. Durante a excitação e o parto, a vagina se dilata e aumenta de tamanho, permitindo a penetração ou a passagem do bebê. No entanto, possui bem menos inervações do que o clitóris, o que dificulta o orgasmo apenas com penetração.
Mão na massa! Quer dizer… Na vulva!
Viu, só? Nosso corpo é tão incrível que poderíamos estender, e muito, esse texto. Mas agora, quero propor um desafio. Ele vai te ajudar a descobrir novas sensações e mapear seu prazer. Você só vai precisar de um espelho!
Em um ambiente seguro e confortável, sente-se no chão ou se deite na cama, abra as pernas e posicione o espelho em frente da sua vulva. Sem medo e sem culpa, comece a tatear as partes que você conheceu neste texto. Identifique cada parte com a denominação correta. Aos poucos, tente estimulá-las e perceba as sensações que isso provoca em você.
O autoconhecimento é a chave para o prazer. Dedicar um tempo para descobrir suas preferências sempre vale a pena. Assim, você consegue comunicar ao seu parceiro e/ou parceira exatamente o que gosta e o que não gosta, e melhor ainda, consegue conhecer seus próprios gostos para ter momentos de prazer consigo mesma.
Guia da masturbação em vulvas
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