Você já deixou de fazer algo por estar com pelos? Seja uma ida à piscina, uma transa ou até usar um shorts num dia de sol, se você já se sentiu desconfortável ou postergou alguma atividade por esse motivo, bem-vinda ao time.

Hoje vamos falar sobre ela, a depilação. Muitas mulheres se questionam se devem depilar ou não, bom, é claro que você pode, se quiser. Mas vamos além! Falaremos sobre como a obsessão por uma pele livre de pelos reforçada pela indústria da beleza impacta nossa vida. 🔍

 

Afinal, para que servem os pelos pubianos?

Com a chegada da puberdade, os pelos começam a crescer no monte púbico, essa região mais fofinha da vulva. Com o tempo, os fios vão se tornando mais grossos e escuros e se espalham pela virilha, lábios externos e ao redor do ânus.

Eles protegem e mantêm o calor da região genital, diminuindo o atrito da pele com as roupas ou durante a prática sexual, impedindo a entrada de algum patógeno, microorganismos que podem ocasionar doenças.

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Então, devo depilar ou não?

Do ponto de vista médico, não há consenso sobre depilação. Há ginecologistas que defendem que a remoção total de pelo deixa a vagina mais exposta e, por isso, mais suscetível a bactérias e inflamações, e há aqueles que acreditam que os malefícios devem ser observados caso a caso, já que os hábitos modernos de higiene e o uso de roupas substituem um pouco a função de proteção.

Na prática, existem mulheres que, ao se depilarem, acabam apresentando infecções recorrentes, lesões na pele e foliculites, enquanto outras não apresentam qualquer reação. Por isso, no fim das contas, a depilação não deve jamais partir de uma imposição, mas sim de uma avaliação extremamente pessoal que você deve fazer a respeito de seu corpo e de suas crenças. 💜

Em resumo, se depilar ou não é um posicionamento pessoal. Desde que, claro, você sempre leve em conta a sua saúde física e mental e observe se arrancar os pelos não está causando infecções indesejadas como a foliculite, ou, ainda, funcionando como mais uma pequena prisão no seu dia a dia.

 

De onde vem a obsessão por uma pele livre de pelos?

Já reparou que pelos são vistos como algo nojento somente em corpos femininos? Enquanto do lado masculino a presença deles denota virilidade, do lado das mulheres, a pele lisinha é lida como sinônimo de feminilidade.

A obsessão por uma pele livre de pelos — para as mulheres, logicamente — surgiu com força na década de 1920, impulsionada pela indústria da beleza e reforçada pela mídia e pela pornografia. Infelizmente, ela segue até hoje, lucrando muito com nossas insatisfações e inseguranças.

Nem a vulva escapa da pressão estética!

A vulva considerada ideal, propagada pela pornografia, é branca, sem pelos, com lábios pequenos e sem cheiro. Isso faz com que todas nós, em maior ou menor grau, corra atrás desse padrão inalcançável.

Aliás, sabia que o Brasil é líder mundial de cirurgias íntimas femininas? Essa procura vem principalmente de mulheres entre 18 e 35 anos, que buscam por “correções estéticas”, como diminuição dos lábios internos, injeção de gordura nos lábios externos, clareamento e até lipoaspiração na região. Esses procedimentos têm alto custo, além de serem invasivos e, portanto, apresentarem risco de perda de sensibilidade local.

Com a pressão para alcançar a vulva perfeita, acabamos nos sentindo frustradas com o que vemos no espelho. Muitas de nós, inclusive, nem sequer gostamos de olhar a própria vulva porque sentimos nojo, medo ou culpa. 

Muitas vezes, não nos damos conta do que a nossa própria insatisfação pode gerar na nossa vida. Isso não quer dizer que você não pode querer mudar algo. Mas é importante entender que seu corpo é a sua casa e as mudanças que você pretende fazer em si mesma têm de trazer um sentimento positivo, não o contrário.

Por fim, ainda que a escolha sobre depilar ou não seja pessoal, a pressão estética não é. Ela é estrutural e atinge a todas nós! O que não precisamos mais fazer é adiar nosso prazer por não estar com a depilação em dia, combinado? 

Que sejamos livres para escolher, mas que façamos nossas escolhas sempre com os pés firmados em informações verídicas e de qualidade e, mais do que isso, em nossas próprias avaliações sobre o que será ou não positivo para nós. ✌️

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