Celebramos o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica em 29 de agosto, mas você sabe a importância dessa data? Ou mesmo como ela foi criada? Para começar nossa conversa, é preciso dizer que existe uma enorme diversidade entre mulheres que se relacionam com mulheres – e achar que todas são iguais também é uma forma de invisibilizá-las.
Quando falamos de movimento lésbico falamos de resistência, afinal, vivemos em uma sociedade heteronormativa, ou seja, que impõe que todos sejam ou se comportem como heterossexuais. Quem não se enquadra nesse padrão é marginalizado e violentado de muitas formas e é por isso que o orgulho lésbico é tão importante.
Para entender mais sobre as pautas dessa luta e conferir indicações de conteúdos LGBTQIAPN+, sobretudo lésbico, continue a leitura! 🏳️🌈
Por que visibilidade lésbica é importante?
Ser lésbica se trata de orientação sexual, no caso, uma mulher (cisgênero ou transgênero) que sente atração por pessoas do mesmo gênero. Aliás, dizer que é uma “opção sexual” é incorreto porque não se trata de uma escolha ou uma opção que você fez. Se você ainda não está habituada com termos de identidade de gênero, explicamos todos eles aqui. 🔍
Mulheres lésbicas não são representadas na política, na publicidade, no entretenimento, em diretorias de empresas, entre muitos outros lugares. E é por isso que a luta do orgulho lésbico busca visibilidade e reconhecimento de suas próprias existências – mais do que ocupar espaços, essa resistência muito tem a ver com sobreviver.
Até mesmo espaços que deveriam ser acolhedores, como hospitais, mulheres lésbicas e bissexuais, sobretudo trans, negras e gordas, sofrem preconceitos e violências. Assédio, culpabilização, humilhação, abuso moral ou sexual fazem parte de práticas violentas que ainda existem no dia a dia de grande parte de mulheres lésbicas. Trouxemos dados que valem alguns minutinhos de reflexão!
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é um brado contra a lesbofobia, com pautas e demandas urgentes. Mulheres lésbicas querem demonstrar amor em público sem serem ameaçadas, mas querem muito mais: políticas públicas efetivas para elas e suas famílias.
A frase é de bell hooks, autora e ativista importante do movimento feminista e antirracista, que muito falou sobre não enxergar o amor como sentimento, mas sim como um instrumento de luta e transformação da sociedade.
Mas de onde vem essa data?
A data foi criada durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), em 29 de agosto de 1996 – e por isso é comemorada nesse dia. O evento reuniu ativistas lésbicas e bissexuais na cidade do Rio de Janeiro para discutir ideias e diversidades da população lésbica. Com objetivo de garantir e ampliar direitos, o seminário passou a ser um espaço anual de encontro.
Além do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, existe o Dia do Orgulho Lésbico, comemorado antes, em 19 de agosto. Ele foi criado durante a ditadura militar, em 1983, como um protesto pela censura da venda do jornal lésbico Chana com Chana em um bar de São Paulo. A data foi escolhida como homenagem à principal ativista do movimento, Rosely Roth, que faleceu em 19 de agosto de 2003.
Ambas as datas são importantes pois celebram as conquistas feitas até aqui, ao mesmo tempo que nos lembram e nos inspiram para o caminho de luta por direitos e desafios que temos pela frente.
O que NÃO falar para uma mulher lésbica, nunca
Infelizmente falas lesbofóbicas ainda existem, e elas invalidam a existência das mulheres lésbicas. Isso faz parte da violência simbólica sofrida por elas, que muitas vezes acarreta em violências físicas. Vamos desmistificar essas ideias?
“É lésbica porque se frustou com homem”
Mulheres lésbicas não são lésbicas porque sofreram trauma, abuso ou algum tipo de relação ruim com homens. Afinal, quase todas mulheres já passaram por alguma relação ruim com homens e isso não as tornaram lésbicas e nem afetaram suas orientações sexuais. Percebe como essa frase deslegitima a sexualidade da mulher lésbica?
“Você nem parece lésbica”
O que significa parecer lésbica? Como falamos no início do texto, achar que todas as mulheres lésbicas são iguais é invisibilizá-las, porque apaga a diversidade de identidades, vivências e narrativas. Dizer que alguém não parece lésbica porque é “afeminada” é reforçar o estereótipo de que lésbicas são masculinizadas.
“Quem é o homem da relação?”
Parece óbvio, mas é preciso reforçar que essa pergunta não deve ser feita. Ela expressa que todo relacionamento é formado por homem e mulher, e que papéis – principalmente no sexo – só podem ser desempenhados por homens. O que é um grande mito, né?
“Você ainda não encontrou o homem certo”
Essa é uma fala lesbofóbica comum e muito violenta porque pressupõe que mulheres lésbicas são lésbicas porque não encontraram o homem que vai “corrigir” sua orientação sexual. Essa ideia fomenta o crime de violência sexual muito comum contra lésbicas – o chamado estupro corretivo, que tenta controlar o comportamento social e sexual da vítima.
“Posso participar?”
Casais lésbicos e bissexuais muitas vezes ouvem comentários que fetichizam seus corpos e seus relacionamentos. Isso está por trás da hiperssexualização de corpos lésbicos – ou seja, achar que aquele corpo foi feito somente para o prazer ou sexo, e que está sempre disponível para o homem.
Visibilidade lésbica: para ler, ouvir e assistir
Entender, acompanhar e apoiar as pautas do movimento LGBTQIAPN+ é urgente. Para incluir reflexões importantes no dia a dia, consuma conteúdos feitos por e para mulheres lésbicas. Reunimos cinco sugestões de diferentes formatos para agradar todos os gostos. Olha só!
1. Mama: um relato de uma maternidade homoafetiva (livro)
O livro Mama, escrito por Marcela Tiboni (@marcelatiboni), fala sobre dupla maternidade e narra as escolhas feitas por ela e sua esposa Mel durante o processo de gravidez. Desde quando decidiram que queriam ter filhos até a história atual de sua família, hoje com filhos gêmeos. A história ajuda a ampliar o olhar e a desmistificar os tabus que rondam o amor lésbico!
2. Parachoque de Monstro (podcast)
4 mulheres lésbicas reunidas para compartilhar suas vivências em um podcast incrível! Já são mais de 50 episódios que narram “o mundo de visto de dentro de nossas boleias, contado através de nossos sotaques, vindos de diferentes cidades”. Parachoque de Monstro é uma ótima escolha para ouvir, refletir e também dar boas risadas.
3. A Secret Love (documentário)
O documentário A Secret Love, disponível na Netflix, fala sobre o amor proibido entre duas mulheres: a estrela do beisebol Terry Donahue e sua companheira, Pat Henschel. Nele, você acompanha a história desde quando elas se viram pela primeira vez, durante a juventude, até chegarem juntas à terceira idade, após 65 anos.
Como elas mantiveram esse amor em segredo por tanto tempo, escondendo que eram um casal até mesmo para pessoas da família – por medo da rejeição e do preconceito -, é o ponto principal da narrativa. Ótima pedida para quem quer refletir sobre o amor lésbico e o envelhecimento e se emocionar!
4. Eu Gosto de Garotas (álbum)
Se você gosta de funk, trap ou R&B, vai amar o álbum Eu Gosto de Garotas, feito por Larinhx (@larinhx), artista e compositora carioca. O disco, lançado em 2021, reuniu 13 artistas mulheres independentes do Rio de Janeiro, com histórias e pautas importantes narradas por elas, como a aceitação do corpo trans e a autoestima da mulher negra e gorda. Pura potência e representatividade!
5. Orange is The New Black (série)
Uma das primeiras séries produzida pela Netflix, Orange is The New Black entrega no drama, na cómedia e na representatividade lésbica. Ela conta a história de Piper, uma mulher de classe média que foi condenada a 15 meses de prisão por ajudar Alex, uma ex-namorada, em um crime de tráfico quando era jovem.
Inspirada na história real da autora, a série se passa na prisão feminina e retrata histórias de personagens incríveis, diversas e complexas. São sete temporadas que mostram narrativas de mulheres lésbicas, negras, idosas, imigrantes, latinas e transexuais, além de escancarar o falho sistema prisional dos Estados Unidos. Digna de maratona, vale muito a pena assistir!
Gostou das indicações? Nosso maior desejo é que a gente se conecte com a sexualidade enquanto potência – e o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é também sobre isso. 💜
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